Com o declínio das vendas físicas de CDs e a ascensão dos serviços digitais, o Spotify se consolidou como uma das principais fontes de renda para artistas e bandas no mundo inteiro. Porém, uma dúvida frequente entre fãs e músicos iniciantes é: afinal, quanto um artista ganha por ter suas músicas na plataforma?

Como funciona o pagamento por reprodução

Ao disponibilizar uma música no Spotify, o artista passa a receber royalties por cada reprodução. Esse valor é calculado com base em diversos critérios, como o número total de execuções, o tipo de plano do usuário (gratuito ou premium), e até mesmo a localização geográfica do ouvinte.

Embora o Spotify não revele publicamente a quantia exata paga por play, estimativas apontam que o valor gira em torno de US$ 0,00397 por reprodução. Em termos práticos, isso significa que a cada mil execuções, o pagamento é de aproximadamente US$ 3,97.

O alcance do Spotify e os números impressionantes

Atualmente, o Spotify concentra cerca de 48% das reproduções feitas nas plataformas de streaming de música em todo o mundo. Esse domínio contribui para que mais artistas tenham acesso à monetização digital.

De acordo com o relatório Loud & Clear, publicado pela própria empresa, mais de 20% de toda a receita mundial gerada por gravações musicais em 2022 veio do streaming. Desde sua fundação, a plataforma já repassou cerca de US$ 40 bilhões em royalties para os detentores de direitos autorais. Só nos dois anos anteriores a 2022, foram mais de US$ 3 bilhões distribuídos entre músicos.

Veja a evolução do número de artistas que superaram faixas específicas de renda nos últimos anos:

Ano Acima de US$ 10 mil Acima de US$ 100 mil Acima de US$ 1 milhão
2017 23.400 4.300 460
2022 57.000 10.100 1.060

Mesmo com esses números positivos, é importante observar que existem cerca de 200 mil artistas considerados profissionais ou em ascensão no Spotify. Isso significa que apenas 5,58% desses músicos conseguiram ultrapassar a marca de US$ 100 mil em ganhos.

Por que os valores parecem baixos?

Apesar de parecerem cifras expressivas, o valor pago por reprodução é relativamente baixo. Para atingir uma renda substancial, o artista precisa acumular milhões de execuções. Além disso, bandas precisam dividir os lucros entre todos os integrantes e, em casos de contratos com gravadoras, ainda repassar parte dos ganhos para esses intermediários.

Outro ponto relevante é que não se sabe exatamente onde os artistas se encaixam dentro das faixas de rendimento. Ou seja, entre os 10.100 que ganharam mais de US$ 100 mil, não está claro quantos chegaram perto de US$ 900 mil e quantos mal passaram do limite mínimo.

O que são royalties?

Royalties são os valores pagos pelo uso de obras protegidas por direitos autorais. No universo musical, isso inclui compositores, intérpretes e editoras. Eles recebem esses pagamentos por meio de diversas fontes:

  • Plataformas de streaming como Spotify, Apple Music e YouTube Music;

  • Emissoras de rádio e televisão;

  • Lojas virtuais como Amazon e iTunes;

  • Produções audiovisuais como filmes e novelas;

  • Publicidade e usos comerciais em geral.

O valor dos royalties varia conforme o tipo de uso, o país onde a música é executada, a quantidade de vezes que é tocada e sua duração. Em plataformas como o Spotify, esse pagamento é obrigatório e repassado conforme a frequência de reprodução das músicas.

A divisão dos lucros

Quando um artista distribui suas músicas por meio de uma gravadora ou selo, o valor recebido por reprodução pode ser dividido com essas empresas. Por isso, nem sempre os US$ 3,97 a cada mil plays vão diretamente para o músico. Já os artistas independentes, que controlam seus próprios direitos, podem ficar com uma fatia maior dos ganhos.

Em suma, o Spotify pode ser uma importante fonte de renda para quem consegue alcançar grandes audiências. Contudo, para viver exclusivamente dos lucros gerados por plays, é preciso planejamento, estratégia de divulgação e, principalmente, milhões de ouvintes.