A Fossa das Marianas, situada a leste das Filipinas, é o local mais profundo do planeta, alcançando impressionantes 10.994 metros de profundidade. Nesse abismo subaquático, o Monte Everest, o pico mais alto da Terra, caberia inteiro, sobrando ainda mais de 2 mil metros acima de sua base. Apesar de sua natureza hostil, esse ambiente extremo não é desabitado; ele abriga diversas formas de vida, predominantemente unicelulares.
Entre essas formas de vida, destacam-se os foraminíferos, organismos que lembram amebas gigantes. Normalmente, esses seres produzem conchas de carbonato de cálcio. No entanto, devido à pressão intensa da Fossa das Marianas, que é cerca de mil vezes maior do que a pressão na superfície terrestre, o carbonato de cálcio se dissolve facilmente. Para sobreviver, os foraminíferos desenvolveram a capacidade de formar suas conchas utilizando proteínas, polímeros orgânicos e até mesmo grãos de areia, adaptando-se a um dos ambientes mais extremos da Terra.
A Supremacia das Bactérias nas Profundezas
No ponto mais profundo do planeta, as bactérias são as verdadeiras dominadoras. Elas sobrevivem alimentando-se de metano e enxofre, substâncias liberadas da crosta terrestre. Algumas dessas bactérias são tão adaptadas ao ambiente hostil que conseguem metabolizar hidrocarbonetos, como os presentes no petróleo e no gás natural, algo raramente encontrado em outros ecossistemas.
Vida Animal na Fossa das Marianas
Além das formas unicelulares, também existem criaturas maiores habitando a Fossa das Marianas. Apesar dos rumores e mitos, não, o Megalodon não vive por lá. No entanto, a fauna que encontramos ali é composta por animais de aparência e características únicas, quase alienígenas, adaptados para suportar a escuridão e a pressão imensa.
Algumas dessas espécies evoluíram para produzir luz própria, um mecanismo conhecido como bioluminescência, que lhes permite atrair presas ou potenciais parceiros. Outras desenvolveram olhos extremamente grandes, capazes de captar os mínimos traços de luz que chegam às profundezas. Há também os que se tornaram translúcidos ou adquiriram coloração vermelha, o que lhes permite absorver a luz azul e se camuflar totalmente no ambiente escuro.
Espécies Fascinantes da Fossa das Marianas
Entre as criaturas que habitam esse ambiente inóspito, encontramos:
- Anfípodes: semelhantes a pequenos camarões albinos;
- Peixe-bolha: conhecido por sua aparência peculiar e apelidado de “peixe mais feio” quando encontrado na superfície;
- Demônio-do-mar: com uma isca luminosa na cabeça para atrair presas;
- Peixe-dragão: equipado com uma isca luminosa e dentes pontiagudos que lembram os de uma piranha;
- Peixe-caracol: uma espécie relativamente nova, descoberta em 2014, adaptada para viver sob pressões extremas.
Esses animais alimentam-se principalmente das bactérias e dos pequenos detritos que descem das camadas superiores do oceano. Em alguns casos, a Fossa das Marianas recebe carcaças de animais maiores, como baleias, que, ao se decomporem, se tornam um verdadeiro banquete para essas criaturas incomuns. A cada queda de uma carcaça nas profundezas, a vida na Fossa das Marianas demonstra sua resiliência e capacidade de adaptação, sustentando-se em um dos ambientes mais desafiadores da Terra.