Tensões comerciais pressionam o mercado
As cotações do petróleo encerram a semana em forte queda, pressionadas por temores em relação aos impactos econômicos das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a diversos parceiros comerciais. Na sexta-feira, o Brent do Mar do Norte mantinha-se estável em US$ 66,40 por barril (equivalente a 159 litros), enquanto o petróleo WTI dos EUA era negociado a US$ 63,82, praticamente sem variação.
Analistas do banco ANZ explicam que as tarifas mais altas, que entraram em vigor ontem, alimentam preocupações sobre uma desaceleração da economia global, o que reduz a demanda por petróleo bruto. Além disso, a decisão da OPEP+ no fim de semana passado de encerrar, já em setembro, os cortes de produção – antes previstos para durar mais meses – também contribuiu para a pressão negativa sobre os preços.
Produção elevada e incerteza geopolítica pesam nos preços
De acordo com especialistas da consultoria energética Ritterbusch and Associates, o aumento na produção por parte dos países da OPEP continua sendo o principal fator negativo. Ao mesmo tempo, a incerteza sobre o rumo das tarifas comerciais permanece como argumento central para justificar a tendência de queda nos preços do petróleo.
A política tarifária adotada pelos EUA nesta semana resultou em perdas significativas no mercado de petróleo. A elevação das cotas de produção da OPEP+ ampliou ainda mais a pressão de baixa. Nem mesmo o relatório do Departamento de Energia dos EUA, que poderia favorecer uma alta nos preços, nem as especulações sobre a continuidade da ofensiva militar da Rússia, conseguiram reverter a tendência.
Mercado tenta recuperação, mas preços seguem abaixo do esperado
Mesmo com um leve movimento de recuperação observado nesta sexta-feira, os preços do Brent e do WTI ainda operam abaixo dos valores registrados na manhã do dia anterior, sendo cotados a US$ 66 e US$ 63 por barril, respectivamente. O contrato de gasóleo negociado na ICE iniciou o dia em alta, a US$ 670 por tonelada.
Novas tarifas ampliam instabilidade econômica
O encerramento da semana confirma um cenário negativo para o petróleo. As sanções comerciais dos EUA contra vários países e a imposição adicional de tarifas à Índia, devido à importação de petróleo russo, podem prejudicar ainda mais a economia global e a demanda energética. Paralelamente, a OPEP+ anunciou um novo aumento nas cotas de produção a partir de setembro.
Um possível ponto de inflexão pode surgir com a disposição do presidente russo Vladimir Putin em se reunir com o presidente americano Donald Trump, conforme anunciado ontem. O mercado especula que esse encontro possa abrir caminho para uma solução diplomática na guerra da Ucrânia, o que facilitaria o fim de sanções que hoje dificultam a compra de petróleo russo.
Custo do óleo de calefação sobe mesmo com queda no petróleo
Apesar da queda global nos preços do petróleo, o custo do óleo de calefação continua em alta. Isso se deve, em parte, aos baixos níveis de água em rios como o Reno, que elevam os custos de transporte, aos estoques baixos mantidos nas últimas semanas e ao aumento expressivo da demanda nos últimos dias.
Na Áustria, os preços do óleo de calefação recuaram em média 0,7 centavo por litro nesta manhã. No entanto, os valores praticados no país estavam, nas últimas semanas, acima dos observados na Alemanha e na Suíça. Na Suíça, os preços se mantêm estáveis em relação ao dia anterior, enquanto na Alemanha houve alta média de 0,45 centavo por litro.
Tendência aponta para recuo nos preços, salvo imprevistos
A expectativa geral é de que os preços do óleo de calefação voltem a cair nos próximos dias. A única exceção seria uma reação negativa da Rússia, que poderia impulsionar os preços novamente. Vale lembrar que os EUA ameaçaram impor novas tarifas à China caso a Rússia adote uma postura mais agressiva. Contudo, analistas do setor acreditam que o presidente Trump não levaria tal ameaça adiante.
Indicadores do mercado (08/08/2025, 18:40)
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Óleo de calefação: €89,20 / +0,48% em relação ao dia anterior / Previsão: +0,99% para amanhã
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Brent (Mar do Norte): US$ 66,87 por barril / +0,83%
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WTI (EUA): US$ 64,24 por barril / +0,66%
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Gasóleo (ICE): US$ 676,25 por tonelada / +1,58%
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Euro/Dólar: US$ 1,1646 / -0,16%
Esses números refletem um mercado volátil, marcado por fatores geopolíticos, econômicos e logísticos que continuam influenciando o comportamento dos preços energéticos.