Inflação de julho pode definir rumo da política monetária
Os investidores norte-americanos estão de olho nos dados de inflação ao consumidor que serão divulgados nesta terça-feira (12). Trata-se do último relatório inflacionário antes do aguardado encontro do Federal Reserve em Jackson Hole, o que o torna um termômetro decisivo para os mercados. Muitos operadores esperam que os números reforcem a possibilidade de um corte nos juros — o primeiro desde dezembro de 2024. No entanto, uma leitura acima do esperado pode frear a recente valorização das ações na bolsa de valores.
Apesar de alguns sinais recentes de desaceleração econômica, boa parte do mercado ainda considera os temores inflacionários exagerados. Analistas argumentam que eventuais altas pontuais nos preços — como as causadas por tarifas de importação — devem ser temporárias. “Mantemos uma postura taticamente otimista, já que os indicadores macroeconômicos divulgados nesta semana continuam apontando para um cenário positivo e os lucros devem manter sua trajetória de crescimento”, afirmou a mesa de operações do JPMorgan. A instituição reconhece que a inflação está em alta, mas ainda “não vê sinais de um choque inflacionário”. Para o banco, enquanto o avanço for moderado, os mercados tendem a manter a calma.
Núcleo da inflação é o principal risco
O maior foco de atenção está na leitura do núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI), que exclui alimentos e energia. Alguns economistas projetam uma alta de 3,0% na comparação anual. Segundo o JPMorgan, somente uma elevação até 4,0% representaria um risco significativo à condução da política monetária.
No cenário mensal, a instituição considera que uma variação entre 0,30% e 0,40% no núcleo da inflação seria o desfecho mais provável — o que teria impacto neutro ou ligeiramente positivo sobre o índice S&P 500. Por outro lado, uma leitura acima de 0,40% — considerada pouco provável (5%) — poderia provocar uma queda de até 2,75% no índice. Caso o núcleo venha entre 0,25% e 0,30%, o S&P 500 pode subir até 1,2%. Já um número inferior a 0,25% poderia impulsionar o índice em até 2%.
Wall Street deve reagir imediatamente aos números
Os futuros dos índices de ações dos EUA amanheceram estáveis, refletindo a cautela dos investidores. O consenso é de que a inflação de julho traga uma leve alta frente ao mês anterior, tanto no índice cheio quanto no núcleo. O resultado deve ter influência direta nas expectativas de cortes de juros, que ganharam força recentemente e vêm sustentando o bom desempenho das bolsas norte-americanas.
Questão tarifária com a China ainda é observada
Além dos dados inflacionários, o mercado também segue atento à questão comercial entre EUA e China. O governo americano concedeu uma nova trégua tarifária de 90 dias para Pequim, permitindo a continuidade das negociações. A medida, porém, já era amplamente esperada pelos investidores e não causou grandes reações.
Mudança no comando da estatística do trabalho
Outro destaque político nos EUA foi a decisão do ex-presidente Donald Trump de nomear o economista E.J. Antoni como novo chefe do Escritório de Estatísticas do Trabalho, em substituição à ex-diretora demitida por ele próprio. Antoni é conhecido por suas críticas contundentes à forma como os dados de emprego são compilados e apresentados. “Nossa economia está crescendo e E.J. vai garantir que os números divulgados sejam HONESTOS e PRECISOS”, escreveu Trump na rede Truth Social.
Ações da Intel sobem após encontro com Trump
Entre os destaques individuais do pré-mercado, as ações da Intel subiam cerca de 3,3% após um encontro entre o CEO da empresa, Lip-Bu Tan, e Donald Trump. O ex-presidente, que havia criticado Tan dias antes, adotou um tom mais conciliador após a reunião. Na semana anterior, Trump havia sugerido publicamente que o executivo deixasse o comando da Intel.
Expectativa de um dia decisivo para os mercados
Com todos esses elementos em jogo — inflação, política monetária, disputas comerciais e mudanças regulatórias — o dia promete ser movimentado nos mercados dos Estados Unidos. O comportamento das bolsas nas próximas horas dependerá fortemente dos dados que serão divulgados e da forma como eles influenciarão as apostas sobre os próximos passos do Federal Reserve.